A Esperança


por Clemente Rebora

(Nascido em 1885, filho de um maçon, laicista, a mãe poetisa, agnóstico e sempre inquieto, estudos de medicina, licenciatura em literatura, poeta e professor de liceu, pianista amador, amores e desamores vários, enfermeiro na primeira Grande Guerra, traumatizado na mesma guerra, convertido ao catolicismo em 1928, ordenado sacerdote em 1936, morre santamente em 1957. Voz das que é preciso escutar na poesia do séc. XX)

Esperava em mim mesmo: mas o nada agarra-se-me.
Esperava no tempo: mas passa e trapaça-me
nas coisas criadas: não basta, e deixa-nos. 
Esperava no bem que virá sobre a terra: 
mas tudo termina arrastado em angustia.

Pequei, sofri, procurado, escutado,
a Voz do Amor que chama e não enlanguesce:
e eis a certa esperança: a Cruz.
Encontrei Quem primeiro me amou
E me ama e me lava, no Sangue que é fogo,
Jesus, o Todo Bem, o Amor infinito,
O Amor que dá Amor
O Amor que vive bem dentro no coração 


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