Para esclarecer moralidades…

Um texto surpreendente de Aurelio Porfiri
(http://www.lanuovabq.it/it/luxuria-confonde-lipocrita-con-il-peccatore)


Recentemente o personagem político e do espetáculo Vladimir Luxuria (na anagrafe [registo civil] Vladimir Gudugno] deu uma entrevista ao jornalista Pedro Gomez para o programa de TV A confissão. No decorrer da entrevista Luxuria estigmatizou aqueles políticos que por um lado defendem a família e por outro lado fazem-lhe a corte. Chamou-os hipócritas.

E não, aqui há um erro de fundo! O nome justo para estes políticos como para todos nós é pecadores. O hipócrita é aquele que pretende ser qualquer coisa que não é, não aquele que se esforça de ser qualquer coisa que não consegue ser. Há aqui uma bela diferença. Esses tais políticos provavelmente vem o que é mais correcto e depois nas suas vidas privadas não atingem os ideias que professam. Pelo que o facto de não se estar à alteza do ideal que se professa não faz cair o valor do próprio ideal (a família, neste caso) mas quem o professa.

Hipócrita é quem se propõe como modelo, quem diz com ele que tem uma família modelo e depois tem uma vida dupla. Este é o corrupto que se propõe como modelo de que muitas vezes tem falado o Papa Francisco. O pecador conhece o seu limite, mas não por isto pode chamar branco ao preto e vice versa.
O pecador reconhece o limite e por vezes sabe que o ultrapassou. Não desloca o limite para justificar o seu pecado. O medico que diz que comer demasiadas gorduras faz mal e depois as come não é hipócrita. É guloso e portanto pecador. Se o medico dissesse: façam como eu não comam gorduras… e depois mergulhasse nesses alimento seria um hipócrita.

Não somos nós os modelos para que se acredite numa norma moral objectiva, uma moral que nos supera e à qual fazemos referência. Se eu tivesse mil amantes, continuaria a dizer que a família é uma coisa importante e não me sentiria hipócrita. Não sou eu o modelo mas sim uma lei moral que me permite compreender o que é o bem e o que não o é.

O grande pensador católico Romano Amerio  disse-o bem: “ A moral de situação é portanto incompatível com a ética católica. Esta de facto admite um quid [algo] que obstaculiza e um limite que estabelece uma fronteira na consciência e perante a qual esta deve parar porque è um quid inviolavel. 
Nem se pode falar de uma moral dinâmica face a uma moral estática. Se se olha para a lei, a moral é imóvel. Se se olha para a consciência essa é dinâmica, se contraposta a uma moral estática.” O pecador crê nesse quid inviolável exactamente porque sabe que o violou. Porém, o corrupto, o hipócrita, o que faz é remover, afastar, apagar esse tal quid que  se apresenta à sua consciência.

Ainda Amerio: “ e aqui convem formular a própria lei da conservação da história da Igreja, lei que ao mesmo tempo é o critério supremo da sua apologética. A Igreja foi fundada sobre o Verbo Incarnado, ou seja, sobre uma verdade divina revelada. Certamente que lhe foram oferecidas forças necessárias para aproximar a própria vida com essa verdade: que a verdade seja possível de ser vivida em todos os momentos é como que um dogma de fé. A Igreja não fica destruída, porém, quando os cristãos não são parecidos com a verdade mas, isso sim, se perdessem a verdade. A Igreja peregrina no mundo está condenada, por si mesma, às defecções práticas e à penitência. Hoje diz-se a viver em acto de continua conversão. Mas essa Igreja perde-se, não quando as humanas enfermidades a metem em contradição (este facto é inerente ao seu estado de peregrina) mas, somente, quando a corrupção prática se eleva tanta a ponto de atingir o dogma e de formular justificações teóricas para as depravações que se encontram na vida”


Pelo que, caro Luxúria: nós não nos anunciamos a nós mesmos. Somos insuficientes. Mas há qualquer coisa que nos supera e da qual não somos dignos. Em vez de nos julgar reze por nós como também nós o fazemos por si. E sermos rezados, todos temos necessidade!

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