OBSERVAÇÕES!

Confio na inocência do padre agora acusado pelo Observador. 
Porque é disso que se trata: de um modo informal mas concreto e efectivo, sobrepor o ‘furo’ e o furor da notícia a tudo o mais.
E confio porque confio na seriedade da vida do padre em questão. 

Confio, ainda, porque não confio nada no Observador. 
Trata-se de um jornal que tem que provar todo o tempo que não é da direita católica.   “Liberal, liberal! Que ninguém nos confunda com os ultramontanos. Somos apenas da direita que não quer o Estado nos negócios e o Evangelho na vida.” 
De facto, a ética laicista — à esquerda mas também à direita — gosta muito de “lamber” na sua auto-suficiência narcisista.

Confio na inocência do padre agora acusado pelo Observador, finalmente, porque a história agora aparecida em público é uma história muito mal contada. 

Note-se:

1. Na primeira vez que publicou sobre esta questão, o Observador não colocou o nome do Padre nem da Paróquia por mero calculismo. Ou seja, para evitar poder vir a ser incriminado. Não tinha — não tem — a certeza sobre o que estava a insinuar. 

2. Parece que a coisa foi agora publicada porque tiveram medo de ser ultrapassados pelo Correio da Manhã que, ao que parece, também andava a vasculhar o tema. Pelo que será de dizer, que o Observador se tornou uma espécie de Correio da Manhã dos que desprezam o Correio da Manhã. Dos liberais ostensivos, ocos quanto à antiga dignitas. 

3. Que o Bispo considera o padre idóneo até prova em contrário (que não existe!) manifesta-se no facto de não o ter mandado sair da Paróquia, nem sequer o ter substituído provisoriamente. Nos dias que correm é um grande voto de confiança.

3. Contra-provas” são ainda os factos seguintes: a mãe ser a única testemunha” com narrativas várias sobre o tema; ter falado primeiro que tudo para o jornal que por sua vez a aconselhou a ir à Policia; não ter procurado a Diocese para denunciar o assunto, ficando-se por um telefonema inconsequente; o padre ter o álibi de ter estado, a maior parte do tempo em que se diz que a coisa ocorreu, comprovadamente longe do Centro Paroquial; ainda porque se está perante uma creche onde existem educadoras, auxiliares, outras crianças: estariam todas feitos com o eventual malfeitor? Não há mais testemunhas? 

4. Por último, note-se que a “irrepreensível” ética do Observador, infectada de duplicidade, manifesta-se no facto de estar obcecado com os pecados sexuais do clero mas ser mais generoso com as celebridades da vida pública portuguesa que viveram, ou vivem, sordidezes idênticas às agora “denunciadas”. Pois eis que não cessa de investigar os padres e de desculpar toda essa outra gente. 
De facto, para um jornal se apresentar como idóneo não basta citar idêntica prática do New York Times” ou do El Pais” como o fez um seu director. Assim apenas se prova que pertencem à mesma internacional de esbirros, como sempre lançando uma nuvem de fumo sobre a sua pureza ideológica. Em certa altura chamou-se-lhe Inquisição. Mais recentemente, também, teve o nome das sucessivas polícias de costumes contra os impuros com outras ideias e vícios. Sempre as “ditaduras” perseguiram com razões puras e implacáveis os vícios. Veja-se a lista dos condenados por "vícios” nos campos de concentração originários em todas as latitudes dos impérios do século XX.

Na verdade, como podem tais jornais dizer-se interessados em proteger as crianças? E  como sinal ínfimo desta farsa e hipocrisia, atente-se ao facto de nenhum orgão de comunicação se interessar com o que se passa por detrás dos ecrãs no que se refere às novelas, à publicidade e ao cinema que as usa, às crianças. 
Evidentemente que para as proteger serão também necessários jornalistas. 
Mas outros. 
Ou seja, daqueles que são capazes da Verdade e do Rigor.

Pe Pedro Q



Sem comentários:

Enviar um comentário

Dê a sua opinião: