Martim Castro do Rio (1548-1613)

Dois poemas de um grande da nossa literatura.
Também de um grande esquecido,
embora muitos rezemos o 2ª poema como hino na Semana Santa!
E lembro, ainda, a Mafalda Ferin Cunha que o resgatou de tamanho abandono.

Perdi-me dentro em mim como em deserto,
Minha alma está metida em labirinto
E posto em tal perigo já me sinto
Cair noutro maior nele encoberto.



Eterno Sacerdote, que hoje alçado
Na grande ara da Cruz onde morrestes, 

A Deus em sacrifício oferecestes
A Vós mesmo, em amor todo abrasado.

Supremo Rei, não de ouro coroado,
Mas de cruéis espinhos, que escolhestes, 

Que por Senhor dos reinos que vencestes 
No trono dessa Cruz estais jurado.

Guerreiro Capitão, que assim ferido 

Com a lança que ao ombro alevantastes, 
A morte que morreis tendes vencido.

Entrai, Senhor, nesta alma que buscastes 

E nela para sempre recolhido
Os títulos tomai que hoje ganhastes.


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