Para que Portugal na nossa idade possa ouvir um Pregador Evangélico, será hoje o Evangelho Pregador.
Esta é a novidade, que trago do Mundo Novo.
O estilo era que o Pregador explicasse o Evangelho:
hoje o Evangelho há de ser a explicação do Pregador.
Não sou eu o que hei de comentar o Texto, o Texto é o que me há de comentar a mim.
Nenhuma palavra direi, que não seja sua;
porque nenhuma cláusula tem, que não seja minha.
Eu repetirei as suas vozes, ele bradará os meus silêncios.
Praza a Deus que os ouçam os homens na terra, para que não cheguem a ser ouvidos no Céu. (…)
O Mistério próprio deste dia é a vocação,
e conversão da Gentilidade à Fé.
Até agora celebrou a Igreja o nascimento de Cristo, hoje celebra o nascimento da Cristandade.
(...) Nasceu hoje a Cristandade;
porque os três Reis, que neste dia vieram adorar a Cristo, foram os primeiros, que O reconheceram por Senhor:
e por isso Lhe tributaram ouro;
os primeiros, que O reconheceram por Deus:
e por isso Lhe consagraram incenso; os primeiros que O reconheceram por homem em carne mortal:
e por isso Lhe ofereceram mirra.
Vieram Gentios, e tornaram Fiéis;
vieram idólatras, e tornaram Cristãos:
e esta é a nova glória da Igreja, que ela hoje celebra, e o Evangelho, nosso Pregador, refere.
Dêmos-lhe atenção.
P. António Vieira
P. António Vieira
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